Ludosaico #01 – Um vislumbre dos 15 anos de Assassin’s Creed

Introdução:
Olá Eu sou o Kazuo e esse é o primeiro capítulo do podcast Ludosaico, o mosaico do entretenimento. Um espaço reservado para falar sobre games, música, series, animes e outros fragmentos de diversão que me ajudam a manter a sanidade mental entre os perrengues do dia a dia.

Decidi inciar essa jornada depois de ter atuado por mais de 7 anos como co-fundador e redator do site Pulo Duplo, o site fundado em parceria com os valorosos amigos que encontrei graças ao Curso de Crítica de Videogames, lecionado pela Flávia Gasi na PUC de São Paulo em meados de 2014.

Com o encerramento de nossas atividades no site, aproveitei esse tempo livre para me reorganizar internamente. Mas comecei a sentir que esse espaço deixado pelo Pulo Duplo poderia ser preenchido com uma peça mais adequada a minha realidade atual.

Então lembrei do meu antigo blog “Ludosaico”, construído à sombra do Pulo Duplo para ser algo mais pessoal, e decidi que gostaria de tentar uma nova mídia além da comunicação escrita, por isso a ideia desse podcast.

Devidamente apresentados, eu e o Ludosaico, quero introduzir o assunto do primeiro, espero que de muitos, capítulo desse podcast: A franquia Assassin’s Creed, que esse ano celebra seus 15 anos de existência.

Ponto principal 1: O início de tudo

Como uma escolha de tema meio óbvia para colegas que já me conhecem a mais tempo, Assassin’s Creed conseguiu me fisgar desde o primeiro jogo da saga.

Derivado de um projeto de Prince of Persia que não chegou a ser lançado, essa série se apresentou com mecânicas de exploração interessantes, uma história promissora e uma identidade intrigante, revelada logo em seu primeiro trailer.

Altair surge do alto de uma torre de sino logo após ouvirmos o som de uma águia que sobrevoa o local. O protagonista misterioso, trajado em um manto branco com o capuz que cobre seu rosto parcialmente, parece observar uma execução na praça localizada à sombra da construção.

Em um breve momento podemos ver o enorme sino badalar e bloquear a silueta de Altair, que some sem deixar vestígios e reaparece em meio a multidão. Perto de se aproximar do local da execução, um soldado cruzado percebe sua presença e se prepara para o combate. Mas o exímio assassino já executou dois templários e saltou em sua direção.

Podemos ouvir o som metálico de uma lâmina que estava oculta abaixo de seu pulso esquerdo, um segundo depois a vítima está sem vida com um único golpe no pescoço.

Agora todas as atenções da praça se voltam para homem encapuzado, que dispara em direção às ruas estreitas da cidade. Com uma agilidade monstruosa, o assassino corre pelas paredes e alcança os telhados das ruas sem perder ritmo.

Uma última execução aérea ao aterrizar, ouvimos mais um badalar de sino e os portões de um monastério se abrem. Um grande grupo de monges encapuzados encobrem o assassino, que some na multidão como um fantasma. Mais uma vez a águia sobrevoa o local, e o título do jogo é apresentado.

Esse trailer que acabei de narrar revelou aquela que seria a identidade visual e sonora do que se tornaria uma das maiores franquias de jogos da atualidade. Um universo que extrapolaria mídias para atender à sede de fãs cada vez mais interessados nos mistério do credo e suas histórias. Entretanto, o que foi mostrado no trailer era só uma parte de algo bem maior.

Diferente de outros games, seus jogadores não se limitariam a exploração do passado, no caso a Terceira Cruzada na Terra Santa em 1191, outros conflitos seriam travado no tempo presente na pele de Desmond Miles.

Como cobaia de um experimento para a Abstergo, Desmond mal sabia que essa “simulação” da história teria um enorme impacto em seu mundo, e que o futuro desse credo, que ele conheceu pelas memórias de Altair, e do livre arbítrio humano estava em suas mãos.

Foi revelada então toda a trama da série, onde testemunharíamos um constante conflito entre Templários, a abstergo do tempo presente, e o credo dos Assassinos, travado às margens da sociedade.

Ponto principal 2: A evolução da franquia

Sem uma versão remaster ou remake, jogar esse primeiro jogo atualmente pode não ser uma experiência tão agradável para gamers já imersos entre os títulos mais recentes, mas é inegável sua importância para a saga Assassin’s Creed.
Até os RPG’s da franquia ainda utilizam muito dos elementos originais para chamar a atenção dos fans. Mesmo que várias inclusões e alterações tenham sido necessárias para a sobrevivência da série, seu universo não parou de se expandir entre várias mídias. Talvez o único elemento fundamental que não tenha sido apresentado logo no primeiro título seja o tema “Ezio’s Family”, introduzido por seu sucessor Assassin’s Creed II.

A linha do tempo da série pode ser organizada em alguns grupos de jogos que apresentam diferentes abordagens sobre o tratamento do tempo presente pela Ubisoft, suas escolhas de momentos históricos e sua jogabilidade.

No caso do primeiro grupo temos duas trilogias aninhadas, onde um personagem marcante ancora a narrativa do tempo presente. A trilogia protagonizada por Desmond no tempo presente e a trilogia protagonizada por Ezio dentro do Animus. Esse período abrange o primeiro Assassin’s Creed com Altair, Assassins Creed II, Brotherhood e Revelations com Ezio durante a Renascença Italiana e Assassins Creed III com o habilidoso Connor no período da Revolução Norte-americana.

Essa fase inicial introduziu os rituais e costumes da irmandade dos assassinos, sua hierarquia, suas regras, os dizeres “Nada é verdade, tudo é permitido”, as lâminas ocultas, os artefatos do Éden, a sincronização, salto da fé, enfim, tudo o que caracteriza um assassino nesse universo foi construído aqui.

Talvez o grande foco nesses detalhes é que tenha ajudado a criar um dos personagens mais amados da série. Foi possível acompanhar Ezio Auditorie da Firenze desde sua iniciação no credo, seu crescimento como mestre em Brotherhood e o fim de sua carreira em Revelations. Foram dedicados três títulos para desenvolver esse personagem e sua história, não é a toa que sua popularidade entre os primeiros jogadores seja tão significativa.

O grupo seguinte usou o aprendizado de seu antecessores para tentar trazer experiencias mais focadas nos momentos históricos do passado, sem nomear um protagonista fora do animus.
Assassins Creed Black Flag, Rogue, Unity e Syndicate fazem parte desse grupo.

Nessa fase da saga, o jogador é o usuário do animus, e alguns velhos conhecidos da irmandade contemporânea, apresentados junto com Desmond, fazem participações em certos momentos para melhorar essa imersão rasa do tempo presente.

Entretanto com um foco maior no desenvolvimento dos momentos históricos, tivemos uma evolução substancial na jogabilidade, no parkour, novas mecanicas de combate naval e outras interações, trazendo experiências mais originais, além de protagonistas que não estavam tão presos à Irmandade.
Edward Kenway de Black Flag, por exemplo, simplesmente roubou o traje de um assassin e se tornou um grande pirata, Shay Cormac em Rogue foi um ex-assassino que deixou a irmandade e se tornou um temido Templário caçador de seus antigos colegas e Arno Dorian…bom… se apaixonou por uma templária em Unity, mas se tornou um assassino muito habilidoso.

Infelizmente, esse grupo de jogos também marcou um episódio trágico para a série da Ubisoft. No lançamento de Unity, em vez de publicações de reviews elogiando o incrível avanço nas mecanicas de jogo, a beleza de uma Paris lotada de NPCs e um novo personagem carismático, tivemos a trágica imagem de um bug bizarro, que simplesmente fazia o rosto de Arno Dorian sumir revelando olhos e arcadas dentárias flutuando sob um capuz.

Hoje em dia, esse bug foi corrigido e muitos jogadores que experimentaram Unity sem essa situação desagradável puderam desfrutar de um ótimo título, mas o episódio foi marcante demais na época e o impacto reputacional foi devastador. Até mesmo os irmãos Frye e suas aventuras durante a era Vitoriana em Londres não conseguiram recuperar com muito sucesso a imagem da Ubisoft depois do ocorrido.

Mudanças eras urgentes para recuperar o público que desistiu da franquia. O bug de Unity não foi o único responsável por essa queda. A fórmula do gamaplay, utilizada desde o início da saga, parecia ter se estagnado e algo precisava ser feito para atrair a atenção de novos jogadores.

Foi então que a trilogia mais recente foi criada. Abrangendo Assassin’s Creed Origin’s, Odyssey e Valhalla, esse grupo de jogos abraçou o gênero RPG em mundos abertos imensos, introduziu Layla como a nova personagem do tempo presente e explorou a origem do Credo dos Assassinos antes mesmo dessa nomenclatura ser criada.

Os momentos históricos e ambientes escolhidos foram ambiciosos. Foi possível finalmente explorar o Egito com Bayek, a Grécia Antiga com Kassandra (ou Alexios) e as invasões vikings à Grã Bretanha com Eivor.

O novo modelo foi um divisor de águas e talvez tenha sido um divisor de fans também. Mesmo que a reformulação da franquia tenha sido necessária para sua sobrevivência, parte do público que jogou os primeiros títulos sentiu muita falta da furtividade e outros elementos mais presentes na primeira leva de jogos.

Ponto principal 3: O sucesso da franquia

De acordo com Jade Raymond, uma de suas produtoras originais, muito do sucesso e da expansão contínua de Assassin’s Creed se deve a criação de uma meta-história, possibilitando uma maior liberdade criativa de diferentes equipes, que poderiam utilizar momentos históricos para criar suas próprias versões do conflito entre Assassinos e Templários.

Hoje podemos ver os frutos dessa liberdade criativa com 12 jogos principais lançados, novos títulos anunciado esse ano, diversos jogos secundários, livros e HQ’s com histórias originais, um filme (não tão amado pelos fãs da saga) e uma promessa de série pela Netflix.

Em setembro de 2022 a franquia atingiu a marca de 200 milhões de cópias vendidas, se tornando a série mais vendida da Ubisoft e uma das franquias de videogames mais vendidas de todos os tempos.

Em seu anúncio dos próximos jogos de Assassin’s Creed, a Ubisoft revelou uma posição que abraça todas as possibilidades oferecidas pelo universo criado nesses 15 anos.

Além do próximo jogo principal, Assassin’s Creed: Mirage, ambientado em Bagdá do século IX, também foram anunciados outros projetos abordando mídias e períodos históricos demandados pelos fãs como o Japão feudal em “Codename Red”, “Codename Hexe” no período da caça às Bruxas e “Codename Jade” na China Antiga. A série em parceria com a Netflix também foi reafirmada no anuncio, mas sem nenhum detalhe a mais.

CTA:
Enquanto não temos mais informações sobre os próximos passos da franquia Assassin’s Creed, nada é verdade e tudo é permitido.
Por isso, se você gostou do capítulo, ou conhece algum amigo que gostaria de ouví-lo, compartilhe esse podcast.
Caso você tenha alguma sugestão, crítica ou elogo envie suas mensagens pelo email: kazuo@ludosaico.com

Muito obrigado pela audiência e até a próxima!