Nos últimos dias tenho usado tantas analogias com copos que resolvi escrever uma pequena reflexão sobre como esse objeto pode nos ajudar a simplificar a explicação de diversos assuntos mais complexos.
Uma das figuras de linguagem mais comuns relacionada ao objeto é a do “copo meio cheio” versus o “copo meio vazio” para expor visões otimistas e pessimistas sobre uma mesma situação. É possível imaginar dois indivíduos observando o mesmo copo preenchido até a metade com algum líquido. Enquanto um observa feliz o quanto desse líquido ainda há para saciar sua sede, outro se entristece ao perceber que metade desse conteúdo já foi consumido.
Entretanto, estamos observando uma situação em que existe um equilíbrio. O copo está preenchido até a metade, por isso ainda há margem para interpretações positivas e negativas sobre ele. Em um mundo de vidas líquidas (sim…Bauman) onde nossos momentos escapam por entre os nossos dedos, talvez esse equilíbrio seja uma situação um pouco mais rara.

Com tanta “vida líquida” escorrendo de nossas mãos, pode ser que todo esse conteúdo esteja enchendo nosso copo imaginário muito mais do que gostaríamos.
Um exemplo desse desequilíbrio pôde ser demonstrado no último texto que publiquei aqui no Ludosaico, onde falei sobre como pequenas brincadeiras inocentes sobre sua etnia podem se tornar um grande tormento depois de anos ouvindo as mesmas piadas. Nesse momento, meu copo estava cheio de preconceitos sobre minha descendência.
Outro exemplo de figura de linguagem relacionada ao copo é o da ansiedade, onde usamos o conteúdo dentro do objeto para explicar o crescente desconforto que se desenvolve dentro do indivíduo. Em momentos extremos em que esse conteúdo ultrapassa a capacidade do “copo”, o ser entre em crise e perde o controle sobre suas reações.
Se observarmos nosso ambiente urbano, podemos perceber como somo estimulados a encher nossos copos freneticamente com dinheiro, engajamentos nas redes sociais, álcool, entretenimento, pontos, insígnias, posições e todo o tipo de “recompensa”. Infelizmente, existe um preço quando abraçamos tantas formas de preencher nossos recipientes imaginários.
Nosso progresso no trabalho vem com “pedras” de responsabilidade, assim como nosso entretenimento é acompanhado por “fatias” de gastos nos cartões de crédito. Por vezes nos vemos em um dilúvio causado pela nossa própria vontade de preencher nossas vidas até a boca, mas esquecemos que temos só um copo e que ele tem um limite.
Talvez, seja interessante deixar nossos copos meio vazios de vez em quando para não nos preocuparmos em limpar o chão tantas vezes. Assim como o Link da imagem, estamos cercados de oportunidade para preenchê-los novamente “com todo o tipo de coisas úteis”. Saúde!

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